Domingo, 12 de Janeiro de 2014
A História da Língua Portuguesa em 800 palavras

 

Atendendo a que a edição 2013.14 do concurso "Ler em Português" está associada à comemoração dos 800 anos de Língua Portuguesa e tem como tema "Português, Uma Língua com História", deliberamos escrever a história da nossa língua em 800 palavras. Ei-la:

 

1. O período pré-românico (- 218 a. C.)

Antes da invasão românica, a Península Ibérica era habitada por povos autóctones denominados Iberos. Posteriormente, cerca de 1000 a.C. ou antes, chegaram à região povos Indo-Europeus de origem celta, que coexistiram com os Iberos, habitando regiões distintas. Na meseta central, os celtas misturaram-se com os Iberos dando origem aos Celtiberos. O período de expansão celta sofreu entretanto uma reviravolta e, devido sobretudo às invasões romanas, o espaço ocupado por este povo diminuiu. As línguas célticas foram assim empurradas ao longo dos séculos até às extremidades ocidentais da Europa e, surpreendentemente, nenhuma delas subsistiu na Península Ibérica.

2. O período românico – parte I (218 a. C. – séc. IX)

A língua portuguesa tem como origem a variante falada do latim e desenvolveu-se na costa oeste da Península Ibérica, incluída na província romana da Lusitânia. A partir de 218 a.C., com a invasão romana da península, e até o século IX, a língua falada na região era o romance, uma variante do latim intermediária entre o latim vulgar e as línguas latinas modernas.

 

3. As invasões bárbaras (409 d. C. – 711)

Durante o período de 409 d.C. a 711, povos de origem germânica instalaram-se na Península Ibérica. O efeito dessas migrações na língua falada pela população não foi uniforme, tendo originado um processo de diferenciação regional. O rompimento definitivo da uniformidade linguística da península ocorreu posteriormente, levando à formação de línguas bem distintas. É possível encontrar influências dessa época no vocabulário do português moderno em palavras como roubar, guerrear e branco.

 

4. A conquista árabe (711 - 1031)

A partir de 711, com a invasão moura da Península Ibérica, o árabe foi adotado como língua oficial nas regiões conquistadas, mas a população continuou a falar o romance. Persistem, no português atual, várias palavras de origem árabe, nomeadamente: arroz, alface, alicate e refém.

 

5. O período românico – parte II (218 a. C. – séc. IX)

No período que vai do século IX ao XI, considerado uma época de transição, alguns termos portugueses aparecem nos textos em latim, mas o português (ou mais precisamente o seu antecessor, o galaico-português) era apenas falado na Lusitânia. No século XI, à medida que os antigos domínios foram reconquistados pelos cristãos, os árabes foram expulsos para o sul da península, onde surgiram os dialetos moçárabes, decorrentes do contacto entre árabe e o latim. A reconquista cristã da Península Ibérica conduziu à consolidação do galaico-português enquanto língua falada e escrita, a qual foi usada na redação dos primeiros documentos oficiais e textos literários não latinos (os cancioneiros).

 

6. O período arcaico (1185 – 1516)

À medida que os cristãos avançavam rumo a sul, os dialetos do norte iam interagindo com os dialetos moçárabes do sul, começando o processo de diferenciação entre português e galaico-português. A separação entre o galego e o português iniciou-se aquando da independência de Portugal (1185), consolidando-se com a expulsão dos mouros em 1249 e com a derrota, em 1385, dos castelhanos que tentaram anexar o país. No século XIV, surgiu a prosa literária em português, com a Crónica Geral de Espanha (1344) e o Livro de Linhagens, de D. Pedro, conde de Barcelos. Entre os séculos XIV e XVI, com a construção do império ultramarino português, a língua portuguesa cruzou oceanos e tornou-se presente em várias regiões da Ásia, África e América, sofrendo influências locais que ainda hoje se fazem presentes: jangada (origem malaia) e chá (origem chinesa), por exemplo. Com o Renascimento, aumentou o número de palavras eruditas de derivação grega e romana, tornando o português mais complexo e maleável. O fim do período de utilização do português arcaico foi marcado pela publicação do Cancioneiro Geral de Garcia de Resende, em 1516.

 

7. O português moderno (séc. XVI - )

No século XVI, com o aparecimento das primeiras gramáticas que definem a morfologia e a sintaxe, a língua entrou na fase moderna: em Os Lusíadas, de Luís de Camões (1572), o português já era, tanto ao nível sintático como morfológico, muito semelhante ao atual. A partir daí, a língua sofreu alterações menores: na fase em que Portugal foi governado pelo trono espanhol (1580-1640), o português incorporou palavras castelhanas (como bobo e granizo); e a influência francesa no século XVIII (sentida principalmente em Portugal) fez com que o português da metrópole se afastasse do falado nas colónias.

Ao longo dos séculos XIX e XX o vocabulário português foi recebendo novas contribuições: surgiram termos de origem greco-latina para designar os avanços tecnológicos da época

(automóvel, televisão…) e termos técnicos em inglês, em ramos como as ciências médicas e a informática (check-up, software...). O volume de novos termos estimulou a criação de uma comissão composta por representantes dos países lusófonos, em 1990, para uniformizar a língua portuguesa e, assim, evitar o agravamento da introdução de termos diferentes para os mesmos objetos.

 



publicado por atlanticodehistorias às 16:53
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