Verdes são os campos,
De cor de limão:
Assim são os olhos
Do meu coração.
Campo, que te estendes
Com verdura bela;
Ovelhas, que nela
Vosso pasto tendes,
De ervas vos mantendes
Que traz o Verão,
E eu das lembranças
Do meu coração.
Gados que pasceis
Com contentamento,
Vosso mantimento
Não no entendereis;
Isso que comeis
Não são ervas, não:
São graças dos olhos
Do meu coração.
O fogo que na branda cera ardia,
Vendo o rosto gentil que na alma vejo.
Se acendeu de outro fogo do desejo,
Por alcançar a luz que vence o dia.
Como de dois ardores se incendia,
Da grande impaciência fez despejo,
E, remetendo com furor sobejo,
Vos foi beijar na parte onde se via.
Ditosa aquela flama, que se atreve
Apagar seus ardores e tormentos
Na vista do que o mundo tremer deve!
Namoram-se, Senhora, os Elementos
De vós, e queima o fogo aquela nave
Que queima corações e pensamentos.
Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca.
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca.
Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto;
Palavras que se recusam
Aos muros do teu desgosto.
De repente coloridas
Entre palavras sem cor,
Esperadas inesperadas
Como a poesia ou o amor.
(O nome de quem se ama
Letra a letra revelado
No mármore distraído
No papel abandonado)
Palavras que nos transportam
Aonde a noite é mais forte,
Ao silêncio dos amantes
Abraçados contra a morte.
E sem um gesto, sem um não, partias!
Assim a luz eterna se extinguia!
Sem um adeus, sequer, te despedias,
Atraiçoando a fé que nos unia!
Terra lavrada e quente,
Regaço de um poeta criador,
Ias-te embora antes do sol poente,
Triste como semente sem calor!
Ias, resignada, apodrecer
À sombra das roseiras outonais!
Cor da alegria, cântico a nascer,
Trocavas por ciprestes pinheirais!
Livre não sou, que nem a própria vida
Mo consente.
Mas a minha aguerrida
Teimosia
É quebrar dia a dia
Um grilhão da corrente.
Livre não sou, mas quero a liberdade.
Trago-a dentro de mim como um destino.
E vão lá desdizer o sonho do menino
Que se afogou e flutua
Entre nenúfares de serenidade
Depois de ter a lua!
A nossa escola é uma escola aLer+, pelo que desenvolve inúmeras atividades com o intuito de promover os hábitos de leitura. Duas atividades que consideramos ser dignas de destaque são “Abre a pestana com um poema por semana” e “Uma leitura por dia, nem sabes o que bem que te fazia…”.
A primeira, com vista a incentivar a leitura e a divulgar poetas nacionais e estrangeiros, decorre semanalmente. Todas as semanas, num dia e num horário diferentes, é deixado um poema em todas as salas de aula para que o(a) docente que leciona a turma nessa hora o leia de forma expressiva e, eventualmente, o explore com os alunos e as alunas. Já a atividade “Uma leitura por dia, nem sabes o que bem que te fazia…” envolve todos ao alunos que frequentam a Biblioteca Escolar e implica a disponibilização diária de um documento de leitura (notícia, reportagem, cartoon, artigo, pintura, quadro,…).
Inspiradas nestas duas atividades, decidimos promover uma atividade para celebrar o “regresso às aulas” e à qual decidimos chamar: “Um poema por dia, nem sabe o bem que lhe fazia!”. Assim, a partir de amanhã e até sexta-feira, dia 10, publicaremos um poema por dia. Esperamos que gostem!
Blogue criado para a participação na segunda edição do concurso Ler Em Português, promovido pela Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento, a Rede de Bibliotecas Escolares e o Plano Nacional de Leitura, tendo como tema: Português, Uma Língua com História.
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